Costuma-se dizer que a renda fixa é um investimento de menor risco do que ações, commodities e moedas, consideradas de alto risco.
Na maioria dos casos isso pode ser verdade, mas vamos analisar o que está por traz da renda fixa.
A primeira questão importante diz respeito a qual o índice de atualização de valores que está embutido na aplicação.
Se o índice de atualização monetária ou rendimento for o CDI ou a taxa Selic, chamada de pós fixada, a aplicação financeira renderá muito próximo do juro indicado pelo Banco Central, a taxa Selic. Conforme passam os dias, estes títulos renderão uma parcela desta taxa CDI. Um bom exemplo são as LFT emitidas pelo Tesouro Nacional (também chamadas de Tesouro Selic). Como a taxa Selic e o CDI sempre foram positivos, o valor do dia seguinte será sempre maior do que o de hoje, portanto o investidor pode resgatar sempre que precisar, não incorrendo em perdas, independente de variados fatos e boatos na economia ou na política.
Se for uma aplicação com um índice pré-fixado, isso significa que no ato da contratação o rendimento total já foi determinado. Exemplos destes títulos são chamados no mercado de LTN ou Tesouro Prefixado. Caso haja variações na taxa de inflação ou na taxa Selic no período, essas variações não alterarão este investimento e seu rendimento final. Neste tipo de aplicação, apesar do valor de resgate final já ser determinado, caso o investidor necessite resgatar a aplicação antecipadamente, terá que se submeter ao valor de mercado, ou seja, ao preço atual que o mercado financeiro está negociando aquele investimento naquele dia. Isso pode alterar significativamente o rendimento efetivo alcançado.
Um outro índice comum de mercado, é o da inflação (normalmente o IPCA) mais um juro fixo ao ano. O melhor exemplo deste tipo de aplicação são as NTN-Bs emitidas pelo Tesouro Nacional (também chamadas de Tesouro IPCA) ou as debentures emitidas pelas empresas. Nesta aplicação, com o passar do tempo, o aplicador garante a correção pela inflação e mais um juro real, mas caso necessite de um resgate antecipado, arcará com a variação da taxa de juros que o mercado está negociando no dia, podendo apurar perdas.
A segunda questão, não menos importante que a primeira, é saber quem é o emissor do título de renda fixa. Dentre eles, os mais seguros são os emitidos pelo Tesouro Nacional, porém existem muitos outros emissores, tais como bancos, seguradoras, financeiras e empresas dos mais variados ramos. Os índices explicados acima (pós-fixado, pré-fixado e inflação mais juros) são encontrados em praticamente todos esses emissores.
É na hora de escolher qual a taxa e qual o emissor do título é que a análise de crédito do emissor é crucial para o sucesso do investimento.
A análise de crédito demanda muito conhecimento em vários aspectos, que vão desde a análise de balanço do emissor, análise do ramo de negócio com os riscos envolvidos, histórico dos controladores, a diretoria e outros mais. Nesse momento, é crucial entender, se por uma taxa de juros um pouco maior, valerá correr um risco de crédito maior de um emissor.
O ponto mais importante é que na renda fixa o aplicador investe 100% de capital para receber uma fração deste valor a título de ganho (os juros), mas no caso do emissor falir, o valor total poderá ser perdido. Afinal, não adianta nada negociar uma boa remuneração para a aplicação se no final o investidor não receber o valor aplicado mais os juros acordados.
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