Outubro trouxe a conclusão de um processo eleitoral brasileiro muito apertado e tenso. Tivemos a vitória do PT na presidência com uma diferença de votos bem pequena e uma maior quantidade de eleitos de partidos de centro-direita no Congresso. Além disso, diversos estados relevantes confirmaram candidatos mais alinhados com reformas e privatizações. No final, espera-se um ambiente político mais dividido, havendo a necessidade de muita negociação e um maior equilíbrio de forças do que em mandatos anteriores do PT.
Acreditamos, entretanto, que o PT conseguirá mudar parte importante da atual base bolsonarista para a sua base, principalmente os partidos que já apoiaram Lula no passado.
Outro ponto político importante foi a condução de Xi Jinping para mais um mandato, além da nomeação de aliados leais para os principais cargos do governo. No entendimento de analistas, isso abre espaço para nomeações sucessivas no futuro e uma maior concentração de poder. Este evento causará preocupações globais nas cadeias produtivas, ainda muito dependentes da China, e aumento de tensões com Taiwan (que é muito relevante no mercado de semicondutores). Para o Brasil, mudanças na China causam impactos na exportação de commodities e no PIB, pois a China é o nosso principal parceiro comercial.
Nos EUA, tivemos os primeiros sinais de desaceleração econômica. Os destaques foram: uma leve queda na inflação, um mercado imobiliário bem mais fraco e uma baixa na confiança dos consumidores. Por outro lado, o desemprego continua bem baixo e a lucratividade das empresas da Bolsa americana trouxe surpresas positivas. Uma parte do mercado indicou que o Fed (Banco Central Americano) pode reduzir o passo no aumento de juros em dezembro, fazendo com que a Bolsa americana subisse 8% no mês. Na Europa, com a estabilização do ambiente político na Inglaterra e uma menor pressão do Banco Central Europeu, houve uma valorização da Bolsa de 7%.
O Brasil também teve um bom mês, em linha com o cenário global, fazendo com que a Bolsa local se valorizasse em 5,5% e os ativos atrelados à inflação tivessem ganho de 1,2%.
Independente do bom mês de outubro, acreditamos que as condições econômicas globais continuam preocupantes. A inflação continua alta globalmente e o mercado de trabalho aquecido, o que fará com que o processo de aumento de juros continue, e por um bom tempo, causando uma recessão nos próximos 12 meses nas principais economias globais. Acreditamos que o cenário brasileiro, apesar de uma inflação mais controlada, terá muita volatilidade até que o novo presidente esclareça qual será sua equipe econômica.
Nossa estratégia continua sendo a de aproveitar os juros altos (já bem acima da inflação esperada) investindo em renda fixa e em estratégias de valor relativo através da alocação em determinados tipos de fundos multimercado. A Bolsa brasileira tem boas oportunidades, mas preferimos aguardar para ter um pouco mais de convicção na direção econômica do país.
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