Dezembro foi um mês marcado por grande volatilidade nos mercados financeiros, com quedas significativas nos principais ativos. As primeiras declarações de Trump e sua futura equipe geraram preocupações do mercado sobre possíveis impactos nas economias globais. As principais questões são a elevação das tarifas de importação, redução de impostos e imigração, que podem influenciar a trajetória da dívida pública e pressionar a inflação americana.
Além disso, novos dados sobre a inflação nos Estados Unidos mostraram uma resiliência superior às expectativas, levando membros do Fed (Banco Central dos EUA) a sinalizarem uma possível desaceleração na redução da taxa de juros. Isso gerou cautela nos investidores, resultando em uma queda de 2,5% na Bolsa americana e um aumento nos juros futuros. Esse comportamento foi observado em vários mercados globais, provocando uma retração nos preços das ações e um aumento do conservadorismo nas decisões de investimento.
No Brasil, o pacote fiscal anunciado pelo governo gerou um clima de grande insatisfação no mercado, que já projeta um aumento do déficit fiscal nos próximos anos. Isso, somado a um fluxo intenso de saída de dólares da economia (comum em dezembro devido às remessas de empresas), levou o Banco Central a vender uma grande quantidade de dólares para tentar controlar a valorização da moeda, porém com pouco sucesso. Também pesou para o humor do mercado o Banco Central brasileiro, em sua última reunião, ter aumentado a Selic em 1% e projetar mais dois aumentos de 1% nas próximas reuniões. O resultado foi uma queda generalizada dos ativos financeiros locais. A Bolsa brasileira recuou 4,3% e os títulos de renda fixa atrelados à inflação desvalorizaram 2,48%. O dólar valorizou 2,3%. Economistas agora esperam uma Selic terminal de 15%, que é uma taxa muito elevada e claramente recessiva.
Esse sentimento mais negativo com a economia brasileira gerou um impacto importante na rentabilidade dos fundos de renda fixa de crédito pós-fixados, que são a maior parte dos portfólios dos clientes da Auro. Embora esses fundos tenham apresentado retornos positivos no mês, eles ficaram entre 60% e 80% do CDI durante o período, reduzindo a rentabilidade final das carteiras dos clientes. No acumulado do ano, no entanto, continuam sendo um dos melhores desempenhos do mercado local, superando amplamente o CDI.
De forma geral, entendemos que o ciclo econômico do Brasil tende a uma desaceleração relevante devido a uma menor atenção do governo com o lado fiscal e um aumento expressivo da Selic para tentar conter a inflação. Estaremos mais cautelosos com os investimentos nesse cenário.
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