Fevereiro foi um mês muito desafiador para os investimentos, tanto locais como internacionais. As bolsas globais reverteram os ganhos de janeiro e perderam valor no mês, com -2,6% nos EUA e -10,4% na China. No Brasil, o Ibovespa caiu 7,5%.
O mercado viu sinais de alta para a atividade econômica americana, indicando um cenário de inflação persistente, exigindo o prolongamento do ciclo de alta de juros. Isso mantém a preocupação com a recessão e com efeitos danosos do aumento de juros na solvência dos bancos e na liquidez do mercado.
No Brasil, há uma preocupação ainda forte com a trajetória da dívida pública nos próximos períodos, apesar da sinalização do Ministério da Fazenda de antecipar as novas direções fiscais do governo. Há uma visão de que o interesse em avançar nos gastos fiscais e alterar algumas reformas feitas nos últimos anos possam manter a inflação mais alta, inibindo investimentos e mantendo o crescimento baixo.
No mês, o maior impacto nas carteiras dos clientes se concentrou na renda fixa pós-fixada, a classe de ativos mais alocada nos últimos 6 meses. Os eventos de empresas em dificuldade de crédito e a redução do apetite dos bancos em conceder novos financiamentos, tem afetado o mercado como um todo, mesmo os fundos de investimentos bastante diversificados. O retorno desta classe de ativos no mês ficou apenas levemente positivo, 0,13% em média, o que representa 14% do CDI, afetando o retorno das carteiras. Entretanto, o que temos visto nas últimas semanas, tanto em conversas com os vários gestores, como nos resultados do mês de março, é uma estabilização e volta à situação normal de mercado. Do lado positivo, mesmo com estas quedas em janeiro e fevereiro, esta classe de ativos continua acima do CDI em horizontes de 12 meses.
Sobre a estratégia de alocação da Auro, a perspectiva para o ano nos mantém em uma posição conservadora. Apesar de ver oportunidades em preços baixos de empresas na Bolsa local, há ausência de um gatilho positivo para destravar o interesse nos investimentos de mais risco, dada uma taxa Selic nos altos patamares atuais. Um eventual anúncio positivo do novo arcabouço fiscal nos próximos dias pode mudar esta visão, mas ainda há muita incerteza no mercado.
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