O mês de novembro foi marcado pela eleição presidencial nos Estados Unidos, com a vitória de Donald Trump sobre a candidata democrata Kamala Harris. Além da presidência, os republicanos garantiram o controle do Congresso, criando um ambiente favorável para a implementação de uma agenda econômica focada em cortes de impostos e renegociações comerciais, especialmente com a China. Até o momento, as nomeações para a equipe econômica indicam um perfil moderado, o que trouxe algum alívio aos mercados globais. A bolsa americana teve forte ganho no mês (+5,7%).
Ainda assim, o cenário externo tornou-se mais complexo, com o mercado precificando o risco de novas tarifas sobre produtos importados, principalmente chineses. Esse ambiente mais hostil ocorre em um momento delicado para a economia chinesa, que provavelmente precisará adotar novos estímulos para sustentar seu crescimento. Uma economia chinesa mais fraca e maiores tarifas comerciais com os EUA reduzem o potencial de exportações brasileiras no médio prazo.
Em Brasília, as incertezas fiscais continuaram a ser o foco das atenções. A ausência de um pacote crível de corte de despesas aumentou a desconfiança dos investidores, contribuindo para a forte valorização do dólar (+4,8%) e a elevação dos riscos inflacionários. Esse cenário fez com que os juros futuros subissem refletindo a expectativa de que o Banco Central precisará adotar uma postura mais agressiva de aumentos na Selic para combater a inflação. Com isso a ações brasileiras caíram 3,1% no período. Nas próximas semanas será fundamental o apoio do Congresso na aprovação das propostas de corte de gastos do Executivo para mudar a percepção sobre a economia e estabilizar o mercado.
Na Auro Capital, mantemos uma postura conservadora em relação aos ativos brasileiros, dadas as incertezas fiscais e o cenário externo mais adverso. O foco tem sido nos investimentos em renda fixa pós-fixada. Por outro lado, seguimos otimistas com a economia americana, que deve se beneficiar da perspectiva de políticas fiscais expansionistas e crescimento do PIB sob o novo governo Trump.
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