Março trouxe preocupações para o mercado bancário global, onde dois bancos americanos relevantes foram liquidados e o Credit Suisse, após passar por uma situação de stress de capital, foi vendido ao UBS. A reação dos reguladores foi rápida, aumentando a liquidez do sistema e evitando uma crise.
Estes eventos indicaram que o atual ciclo de alta de juros globais está pressionando a liquidez e o crédito, diminuindo a necessidade de novos aumentos das taxas no futuro. Com isso, as Bolsas americanas subiram, principalmente as empresas líderes e de alta qualidade, como as “big techs” (Bolsa americana +3,5% e ações de tecnologia +6,7%). De forma geral, as cotações das ações americanas continuam em um patamar bem alto comparado com o histórico.
O mercado global se encontra em um período de muita indefinição e com dados conflitantes. Ao mesmo tempo que os juros altos e indicadores de consumo indicam uma desaceleração à frente, os indicadores crescentes de expectativa de crescimento (os PMIs) e os empregos em alta tornam a leitura do cenário mais incerta. Isso provoca, normalmente, muita volatilidade de resultados entre um mês e outro.
No Brasil, o tema principal foi a divulgação do novo arcabouço fiscal e a trajetória da dívida pública de longo prazo. Foi bom ter um novo discurso de responsabilidade e preocupação com a questão fiscal, mas há pontos de questionamento, como a necessidade de aumento de impostos, as metas otimistas, várias despesas fora da regra e a inflexibilidade dos gastos obrigatórios do orçamento.
No mês, os resultados no Brasil foram bem positivos para ativos atrelados à inflação (+2,7%), porém ruins para a Bolsa (-2,9%). Os fundos de crédito apresentaram certa recuperação, porém ficaram em média abaixo do CDI no mês.
A Auro acredita que não há gatilhos consistentes de crescimento e de alinhamento de expectativas para acelerar a valorização da Bolsa brasileira, apesar de que há vários setores negociando a preços bem descontados. Manteremos nossa rota de manter a maior parte da alocação em ativos de renda fixa, que apresenta bom ganho real, aumentando gradativamente a parcela atrelada à inflação, de forma a capturar um ganho na redução da Selic no médio prazo.
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